segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Estoque humano de órgãos e a decisão de morrer.

Victor Zacharias


O filme Uma prova de amor ou My sister's keeper é uma adaptação do livro da escritora americana Jodi Picoult que como toda adaptação cinematográfica é diferente do livro. Ela, como também declarou Paulo Coelho, cujo livro Veronika decide se matar foi base de um filme, se desculpou com leitores por não ter tido influência no filme, no roteiro e nem na escolha de artistas.
É mais um filme que discute a morte ou a autonomia do ser humano que sofre e, nesta imensa discussão, cabem todos os sofrimentos desde o físico até o da alma.
A família tinha 3 filhos, a menina Kate, a do meio tinha câncer. Numa consulta médica, a mãe desesperada pede ao doutor uma solução e fora da ética médica, característica que vemos em outros filmes, o oncologista comenta que com técnicas genéticas é possível conceber um bebê que possa ser um doador de órgãos compatível com as necessidades da irmã. Traduzindo o novo bebê seria um estoque pessoal de órgãos feito exclusivamente para suprir a irmã doente.
A diferença é que neste campo temos várias regras morais e éticas na cultura ocidental que nos impedem de brincarmos de sermos Deus.
A irmã Anna é concebida e o plano de tê-la como estoque é mantido.
Até a família que estava distante e que de ideal de família não tinha nada, se unia para discutir o assunto. Tudo girava em torno da menina doente
Quem sente mais o isolamento é o filho do casal que tem dislexia e que não recebe o mesmo amor dos pais. O sofrimento corporal é mais compreendido e valorizado do que o da alma.
Um dia aparentemente cansada de ser usada desde bebê como estoque de órgãos da irmã, a menina de 11 anos vai ao advogado, o mais famoso da cidade que nos seus anúncios diz ganhar 91% dos casos.
Eu precisava de um desses.
E neste doutor da lei expõe seu caso em detalhes e com provas. O advogado entra com uma ação contra os pais para dar poderes a menina sobre o uso dos órgãos de seu próprio corpo.
Nesse momento lembrei do Estatuto da Criança e do Adolescente que faz da criança um ser humano portador de direitos.
A autora no livro coloca na obra que a curiosidade da menina não era saber como os bebês eram feitos, até por que esta mecânica o irmão mais ou menos explicou, mas porque vinham. Em um pequeno trecho do livro ela diz que se alienígenas chegassem ao mundo e quisessem entender a razão porque os bebês nasciam chegariam a conclusões nada nobres, como foi por acidente, nenhum método é 100% seguro ou estava bêbada.
A mãe Sara recebe a ação com indignação e mesmo contra a opinião do marido vai se defender no tribunal, cuja juíza tinha perdido sua filha de 11 anos atropelada por um motorista bêbado. O grau de envolvimento emocional do magistrado poderia sofrer ação de nulidade.
No final desta história a Kate não aguentava tanto sofrimento e queria ter alívio na morte, apesar da obstinação da mãe que a certo ponto do filme corta todo o cabelo para estimular a filha, que se achava feia, a dar um passeio.
E aí ficam colocados assuntos para discutir como a decisão de determinar o dia da própria morte, ou o quanto os novos métodos genéticos podem interferir na ética e na moral da civilização ocidental, ou a ética dos médicos que, mesmo americanos, são cheios de jeitinhos, e finalmente descobrir qual o grau de prazer que é mínimo para a vida valer a pena.
Lembre-se que todo filme ou comunicação é sempre construído e acaba sendo uma maneira de propostas de estilos de vida.
Assista o filme, vale a pena, mas leve uma caixa de lenços para chorar, eu derramei umas lágrimas escondidas, é claro, homem não chora...pouco.
Neste filme por exemplo daria para ficar escrevendo muito mais, mas em blogs, diz a lenda, os textos devem ser pequenos (risos).

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Despedida de solteiro quase acaba mal.

Victor Zacharias

Se beber, não case.
O título original é "Hangover" que quer dizer ressaca.
Uma comédia com tudo que se diz sobre os ritos de um pré casamento e com muita malícia.
Um cara vai casar e os melhores amigos e seu genro resolvem viajar juntos para fazer a tal da despedida de solteiro em Las Vegas.
Na turma tem personalidades contrárias para que pintem os contrates que provocarão risos.
O noivo é aquele que quer manter o grupo unido, o amigo casado, é o bonitão, gosta de uma farra e de levar vantagem, o amigo submisso é o que vai casar com um mulher mandona, cá entre nós: quem é que agüenta, e o amigo genro que tem um parafuso a menos e barriga a mais. Pronto tá feita a comédia.
Ao chegar em Las Vegas, um cidade no deserto americano voltada para o jogo, eles seguem direto para um super hotel chamado Ceasar que reproduz Roma no detalhes. Na portaria pedem o melhor quarto e tudo fica no cartão do submisso para acertarem depois. Tem certos caras da turma que acabam sempre pagando a conta. Você conhece algum?
Do início da farra, um brinde, o filme vai para o fim da festança, mas o noivo somiu e os três não lembram nada do que aconteceu.
Este é o problema a ser resolvido no filme, encontrar o noivo a tempo para que o casamento aconteça.
O filme reforça comportamentos machistas, pois o homem foi farrear no seu último dia de solteiro, enquanto a mulher espera pacientemente o noivinho para se casar e parece que é assim de geração a geração, porque o sogro diz que tudo que acontecer em Las Vegas será esquecido. Parece que tudo é lembrado para que o costume não se perca. Vendo o filme as mulheres podem achar isso normal e aceitar este jogo.
O filme é uma propaganda de Las Vegas, do jogo, do comércio sexual e das drogas.
Muitas cenas com piadas nada inocentes e com apelo sexual me deixou surpreso porque a classificação do filme era livre, ao final do filme eu vi uma menina de uns 5 anos, que não deve ter entendido nada e acabou dormindo. Porém muitas crianças não dormiram. Sem querer ser moralista fico com a certeza que a mídia, incluído o cinema, tem despertado uma erotização precoce nas crianças.
No filme eles roubam carros da polícia, dão muitas trombadas, subornam o médico, perdem o dente, acham um bebê, levam tiros de crianças de armas e não faltaram as brigas, uma violência básica, e numa dessas horas aparece o rei da violência o lutador Mike Tyson (fora de forma). Tyson não gosta de nada que o grupo faz e só fica alegre quando fica sabendo que eles roubaram o carro da polícia.
Curiosidade: o artista que fica sem um dente o perdeu quando era criança e para o filme foi só tirar o implante.
Outro comportamento repetitivo é que os homens ao falarem com suas mulheres mentiam o tempo todo, isso quer dizer que os homens são mentirosos. Será que só os homens?
O filme é um sucesso na terrinha do Obama, dá para rir mas não levem as crianças por motivos óbvios.