quinta-feira, 30 de julho de 2009

O ponto fraco da mulher é um shopping?

Isabela Diefenthäler Oliveira

Aos 25 anos, Rebecca Bloomwood, consegue um emprego trabalhando como jornalista econômica em Nova York. Ela mora com a melhor amiga, Suze, e tem compulsão por comprar, tanto que seu salário nunca é suficiente no fim do mês. Enquanto ela se esforça para conseguir pagar suas dívidas, acaba atraindo a atenção de um colega de redação. E que colega!
Os Delírios de Consumo de Becky Bloom é um filme muito simpático. Um pouco diferente do livro, o filme que é bem água com açúcar, agrada principalmente o público feminino (mas não é unânime). Ele mostra uma realidade (até triste) de uma moça com problemas serissimos com o consumismo e o amor por roupas e acessórios. Com seu figurino produzido por Patricia Field, (a mesma de “O Diabo Veste Prada”), o filme exibe um repertório vasto de grandes marcas como Christian Louboutin, Balenciaga e Marc Jacobs.
É claro que é um tanto exagerado, mas é possível se identificar em muitos momentos com ele. Com o desenrolar da história o filme parece um tanto quanto clichê, pois aborda inúmeros elementos repetidos em filmes do gênero. Apesar da ser previsível, o filme tem ótimos momentos para quem procura diversão e boas risadas. Eu gostei do filme, no entanto, reconheço que é preciso ser um tanto desencanada e consumista para gostar dele.

sábado, 25 de julho de 2009

Bandido e machista, mas com princípios éticos.

Victor Zacharias

Inimigo Público, é um filme de gangsters que mostra a espetacularização realizada pela mídia para os assaltantes "heróis" desde aquela época.
O ator Johnny Deep faz o papel de John Dillinger chefe de uma quadrilha cuja especialidade era assaltar bancos, mas não roubava os clientes e à Robin Hood ficava popular, afinal ele respeitava mais o dinheiro dos clientes do que os bancos.
Audacioso, Dillinger, quando estava sendo caçado,
chegou a visitar o escritório do FBI e não foi notado, inclusive pergunta aos políciais qual era o resultado do jogo, se fosse aqui no Brasil, provavelmente a polícia seria desqualificada, mas é assim no mundo.
No filme a polícia abusava da violência pessoal e invadia a privacidade grampeando ligações telefônicas, mas mesmo assim era constantemente ludibriada pelo assaltante o qual só era encontrado a custa de delação por tortura ou ameaças de uso da lei em caso de não existir colaboração. Isso era nos anos 30, mas já evoluímos. Evoluímos?
Não me lembro de ter visto a polícia uma só vez levar um mandado judicial para alguma intervenção, agia com dava na telha arrombando portas, entrando nos lugares e torturando quem queria. Parece que não mudou muito, ou mudou?
Assaltantes bem armados metralhavam tudo que viam, mas acertar mesmo quase nunca acontecia, parece a gripe suína muito alarde e pouquíssimas vítimas.
A platéia do cinema se manifestava quando os assaltantes diziam que iriam fazer o último roubo e viriam curtir os prazeres que o dinheiro proporcionaria em um lugar distante, um paraíso como Cuba - praia de Varadero ou Venezuela - Caracas ou Brasil - Rio de Janeiro. O zum zum zum da platéia tem sua razão de ser afinal hoje estamos mergulhados nas notícias dos escândalos do senado, do bandido empresário Daniel Dantas, etc, mesmo sendo um filme dos anos 30 a questão tempo é abolida, então entende-se que os bandidos já vinham para cá para viverem entre seus pares desfrutando da impunidade reservada aos ricos e poderosos.
No meio de tudo isso, como um produto na prateleira, Johnny escolhe uma namorada Billie Frechette feita pela atriz Marion Cotillard e a seduz com lugares "chics" e roupas caras. Bem no estilo eu escolhi você, sou bandido e ponto. Aí não tem jeito ela se apaixona. Será que as mulheres representam o ideal de amor das suas vidas assim, ou seja, um macho poderoso? Se não é assim saibam que o filme sugere este caminho.
O figurino e os cenários são ótimos, especialmente os carros dos anos 30. Uma curiosidade que se perde no tempo é que os fotógrafos dos jornais para iluminar a cenas noturnas seguravam em suas mãos algo semelhante aos fogos de artifícios.
Em resumo Dillinger respeitava ao povo, tinha princípios, fiel a mulher amada, era contra os banqueiros, inteligente, bonitão, gostava de boa vida e cumpria sua palavra, o que não poderia deixar de acontecer é que fez sucesso até o fim.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Trambique vira casamento.

Victor Zacharias

Foi neste final de semana que assisti o filme "A proposta". É um filme romântico como aquelas famosas histórias impossíveis para a vida real, mas sugeridas como possíveis, afinal os filmes influenciam nos estilos de vida das pessoas como todos outros meios de comunicação.
Este é o tipo do filme "água com açúcar" ou "arroz com feijão", parece que não faz mal a ninguém.
Na agência de notícias ABC News o comentário é sobre a cena em que Sandra Bullock aparece nua pela primeira vez e decidiu fazê-lo com mais de 40 anos. Poucas são as mulheres que ousam exibir os corpinhos publicamente depois desta idade e isso deu tão certo que a caixa postal da Sandra entupiu. Ela declarou que se soubesse que daria tanta repercussão teria feito antes.
A professora de cinema Vivian Sobchack diz que é como se ela desse um novo começo na carreira dizendo eu estou aqui, estou viva, sou viável, tenho sex appeal. Normalmente as mulheres com mais de 40 anos são convidadas para fazer papel de mãe.
O filme começa mostrando a urbana Sandra em casa pedalando aquelas bicicleta de exercícios, olhando para uma tela plasma que reproduzia a natureza. Já se nota que ela é workholic pois nem dava bola para a tela direito estava avaliando um calhamaço de textos. Estilo de vida de quem trabalha 24 horas por dia, apaixonada pelo trabalho. Os detalhes nos filmes fazem toda diferença.
Ela é editora de uma grande empresa de livros e tem um assistente fiel e interessado em ser editor também. O filme propõe uma inversão dos conservadores papéis sociais: chefa e secretário.
Sandra é objetiva e fria. Sua fama no escritório é de bruxa para baixo.
Após esta apresentação surge o problema a ser resolvido no roteiro.
Ela é canadense e não pode trabalhar nos EUA, apesar dos donos da empresa gostarem do seu desempenho, terá que seguir a lei.
A solução para ela ficar é criada na hora por ela mesma para surpresa do seu secretário: casar com ele na base do faz de conta. Ele topa para não ser mandado embora e percebendo seu poder negocia também sua promoção.
Aqui podemos ver que ela diretora de grande prestígio propõe uma saída ilegal, imaginem quantas vezes ela fez isso para chegar onde chegou? O cara também topa e pede um cargo em troca. Mais ilegalidade, o famoso jeitinho americano que, por aqui, tem menos publicidade que o brasileiro.
Bom, para resolver o problema eles tem que pular vários obstáculos e os roteiros são assim para prender a atenção do público: primeiro os donos da empresa, depois o serviço de imigração acostumados com estes trambiques, depois a família dele que é tradicional e mora no Alaska que é bem longe.
Ela tem uma recaída ética, mas ele não afinal eles topavam qualquer negócio para conseguir seus objetivos, no caso dele até enganar a família.
O final de um filme romântico é o de sempre, eles acabam apaixonados,
Não levante quando o filme parecer que acabou, isto é, na hora dos letreiros, pois enquanto eles passam os dois aparecem dando mil explicações para as perguntas malucas do serviço de imigração.
Não foi um conto de Cinderela, porque o cara era rico e ela estava no mesmo padrão, e também que eu saiba a Cinderela não ficou pelada em cena.
Gostei das lindas paisagens do Alaska onde de dia faz sol e a noite também, esta é uma proposta bem comercial, vamos dizer como os técnicos de futebol: para cumprir tabela.

terça-feira, 21 de julho de 2009

O Clube da Luluzinha, ou melhor da Jane Austen (que de Luluzinha não tem nada!)

Isabela Diefenthäler Oliveira

O Clube da Leitura de Jane Austen é um filme muito interessante. Não se parece em nada com os filmes adaptados da autora que estamos acostumados a assistir. Jane Austen é conhecida por entender e conseguir materializar através de seus personagens a alma feminina. Em um universo bastante contemporâneo com muita classe e bom humor o filme consegue ser profundo e abordar temas relevantes.
A história é sobre cinco mulheres e um homem que fazem parte de um grupo de leitura e através desses encontros e muitas vezes desencontros, passam a questionar e entender melhor as mudanças que ocorrem em suas vidas, uma espécie de terapia em grupo onde expõem seus conflitos internos, dilemas e problemas amorosos. Durante a trama é possível se encontrar em muitas das situações vividas pelos personagens e o modo como debatem os assuntos escritos por Austen nos faz querer ler os livros da autora.
O que mais gostei desse filme é que foge daquelas famigeradas comédias românticas, que ao meu ver já estão bem saturadas (eu adoro comédias românticas, mas vocês devem convir que está na hora de inovarem os scripts, não?!) e de um modo irreverente e um tanto despretensioso acaba sendo uma ótima opção.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O universo feminino é misterioso até para as mulheres.

Victor Zacharias

Monólogos da Vagina - 1996
A autora, atriz e feminista Eve Ensler, americana, entrevistou 200 mulheres no mundo todo de várias idades, raças, preferências sexuais, estado civil, mãe ou não, e inclusive algumas grávidas, o tema era a vagina.
A peça foi levada em mais de 119 países, traduzida em 45 línguas e já foi protagonizada por atrizes como Jane Fonda, Whoopi Goldberg, Susan Sarandon, Oprah Winfrey ou Meryl Streep, e no Brasil Tânia Alves, Fafy Siqueira e Betina Viany.
Ensler depois de todas estas gravações fez vários monólogos para interpretar algumas das histórias e também criar brincadeiras com a exploração de assuntos que pelo seu teor despertam curiosidade.
No começo achei que o roteiro do filme mostraria a performance da atriz nos moldes de uma comédia "stand up", mas depois percebi que não era bem assim, nem tudo era engraçado, existiam histórias tristes.
Por exemplo, ela foi até a Bósnia para saber das mulheres como era a relação delas com a vagina nos casos de estupro e ficou chocada ao saber que mais de 27 mil mulheres eram estupradas naquele lugar, quando voltou para o EUA por curiosidade resolveu perguntar quantas mulheres americanas eram estupradas e para sua surpresa descobriu que estavam documentados mais 700 mil casos por ano
Uma das partes mais divertidas é quando ela começa a citar os apelidos que a vagina tem e inicia uma extensa lista de mais de 30 nomes, as risadas apareciam pela analogia e pela lista interminável.
Ela se surpreendeu de como muitas mulheres ignoravam a vagina e nunca tinham sequer olhado esta parte do corpo, a tocavam somente para higiene, como o caso de uma mulher de 82 que despertada pela entrevista foi a um terapeuta e descobriu o prazer do toque.
Os sons do prazer aparecem quando começa a emitir os mais variados barulhos e lhes dar nomes característicos desde o mais longo da luxúria até um quase sem som da religiosa.
É surpreendente que este assunto seja mostrado publicamente e tenha o destaque e a publicidade que teve, porque até há poucos anos era considerado tabu. Neste sentido a peça abre um novo tempo para o início de mais esta quebra de preconceitos das próprias as mulheres e dos homens.



Como homem gostei de ver e perceber um pouco de como a mulher se relaciona com sua intimidade, mas acredito que as mulheres se identificarão bem mais com as histórias.
Coloco aqui a primeira parte do vídeo é quase um resumo e está em espanhol, assista este começo e se gostar alugue o DVD, acho que valerá a pena.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Boa morte ou eutanásia. Você tem coragem para decidir o dia da sua morte?

Isabela Diefenthäler Oliveira

Um filme que me marcou muito foi o “Mar Adentro”. Não sei se muitas pessoas assistiram esse filme do diretor Alejandro Amenábar, mas ao meu ver o filme é imperdível.
Ramon Sampedro um marinheiro (forte, lindo e viril) fica tetraplégico aos 28 anos quando fazia um mergulho. O filme retrata a trajetória triste desse rapaz, o modo como se relaciona com o mundo, com as pessoas e principalmente com a morte. Conta também a história de duas mulheres que amaram Ramon, primeiro uma jovem com dois filhos e depois uma advogada que o tenta ajudar porque ela também sofre de uma doença degenerativa e acaba o incentivando a publicar os poemas que escreveu durante a vida.
Em alguns momentos é possível ficar extremamente indignado com a vida e a crueldade do mundo. O filme incomoda. Passa uma sensação de impotência. No entanto, funciona como um drama imperdível para quem gosta da vida ou para quem precisar reafirmar sua existência. É uma obra de arte. Denso, pesado e consegue sustentar seu ritmo por possuir diálogos afiados e personagens cativantes, o que nos traz a comoção e a preocupação com o destino dos personagens.
Com uma fotografia maravilhosa “Mar Adentro” aborda questões densas sem apelar ao sentimentalismo barato.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Jean Charles, a esquizofrenia inglesa fica sem punição.

Victor Zacharias
No começo de julho assisti ao filme "Jean Charles", que conta a história do brasileiro, 27 anos, que foi trabalhar em Londres e acabou sendo assassinado, em 22 de julho de 2005, pela polícia inglesa que o confundiu com o terrorista Hussein, aliás eles são bem diferentes como você pode ver.
Sua vida foi retratada em um filme comovente que facilmente produz identificação com quem o assiste, principalmente se for brasileiro.
Confesso que durante o drama vivido pelo brasileiro não acompanhei quase nada na mídia, eu sabia somente o básico da história.
No começo do filme li que era inspirado em acontecimentos reais, mas acho que foi mais que isso, porque em uma entrevista a mãe de Jean disse ter percebido no ator Selton Melo os gestuais do filho. Uma curiosidade é que uma das primas (Patrícia Armani), o patrão de Jean (Maurício Varlotta) e alguns trabalhadores vieram da vida real para o filme, dando mais realidade a produção.
O ponto mais emocionante do filme é quando a polícia conta aos parentes do Jean que ele está morto, aviso para quem for assistir que esta é hora de preparar o lenço.
Além de cenas lindas de Londres, o filme mostra a vida dura dos brasileiros que viajam para ganhar dinheiro na capital inglesa.
O filme é forte e levanta vários pontos para reflexão:
- a esquizofrenia do terrorismo;
- questão da xenofobia;
- o fluxo de imigrantes brasileiros em Londres vindo de Minas, no caso de Jean, da cidade de Gonzaga;
- a liberdade que se tem para viver as experiências pessoais quando se está longe da terra de origem, ou seja, no anonimato, principalmente para quem vem de cidades pequenas como Gonzaga.
O momento do assassinato do brasileiro foi estudado pela produção para que a cena ficasse bem próxima ao que se imagina ter acontecido.
Disse o diretor quando questionado sobre se a produção sofreu algum tipo de censura por parte dos britânicos, Goldman frisou que o longa foi feito com o apoio do governo inglês. "O mesmo governo que deixou que policiais corruptos se safassem no caso permitiu que eu fizesse esse filme", disse.
Em março deste ano o grupo musical Pet Shop (Shock) Boys fez um música em homenagem ao brasileiro o nome da canção é We're All Criminals Now ou "Agora todos somos criminosos".
Neil, um dos autores, disse que o título da canção mostra como a polícia trata os ingleses. Nós estamos todos sendo constantemente vigiados e todos tratados como potencialmente culpados, como se nós tivéssemos cometido algum tipo de crime. Agora nós somos todos criminosos.
Como dá para perceber, não é só no Brasil que a justiça é falha, é comum pensarmos que no país dos outros é muito diferente, mas quase nunca é assim, mesmo nos ditos países de primeiro mundo existem ladrões, assassinatos, fome, pobres, picaretas, corrupção e injustiça também.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

A Índia que não se vê na TV.

Isabela Diefenthäler Oliveira

Acabei de assistir o tão comentado “Quem quer ser um milionário” (Slumdog Millionaire). Fiquei bastante impressionada com a produção do filme, que por sinal, recebeu uma série de premiações.

A história, que mistura a dura vida dos habitantes da periferia de Mumbai com as aspirações cheias de esperança da nova Índia, tem como protagonistas astros completamente desconhecidos do público ocidental e apenas um famoso em sua terra natal.

O jovem indiano muçulmano Jamal se inscreve num programa de perguntas na TV para ganhar 10 milhões de rúpias. Ao longo do programa, o espectador descobre mais sobre a vida de Jamal, sua infância pobre nas favelas de Mumbai (antiga Bombai) junto a seu irmão Salim e a amiga Latika. E o que se vê é mais do que simplesmente uma retrospectiva da vida de Jamal: é a história de uma comunidade inteira, é a regeneração dela através da própria regeneração de Jamal! É o amadurecimento da alma desse rapaz tão profundo, um sobrevivente que realmente sabe as respostas. Aliás, guarde essa frase: ele sabe as respostas.
A cada pergunta feita a ele, Jamal vai buscar a resposta na sua jornada, como um herói das narrativas mais antigas do mundo. Tudo o que ele viveu no passado se transforma em algum tipo de conhecimento ao qual ele atribui significado no momento presente, acionado pelas perguntas do programa e decifrado pelo seu depoimento na delegacia de polícia. Na sua imensa e intensa necessidade de apreender todo e qualquer conhecimento à sua volta, Jamal aguça sua percepção ao longo de sua jovem vida, a princípio para fugir da morte e viver mais um dia. Porém, naquele momento em que está no programa, juntando tudo o que aprendeu, Jamal está no limiar do próximo passo lógico de sua existência: sua regeneração e individuação. E a partir daí começará a realmente viver e usufruir dos frutos de sua coragem, sinceridade e obstinação.

O que achei muito interessante é que o filme mostra uma Índia desconhecida por muitos de nós. Com problemas sociais gravíssimos que na maioria das vezes não são mostrados na novela das 8, onde tudo é bonito, rico e cheio de cores. A Índia mostrada no filme é seca, cinza, cruel. Achei muito marcante no inicio do filme o terror vivido pelos pequenos indianos que eram manipulados por “empresários” para conseguir dinheiro, como marginais. Algo semelhante com o que muitas vezes podemos presenciar no Brasil. Enfim, o filme é muito interessante. Vale a pena ser visto.